quarta-feira, 26 de setembro de 2012

MINHA MENSAGEM À COLUNISTA FAMOSA



PREZADA DORA KRAMER

Leitor habitual e apreciador de suas colunas e comentários deparei-me com este de 21 de setembro passado, e comecei a pensar em escrever-lhe sobre o voto não obrigatório, o que faço agora.

É um ponto de vista que sempre tive, e que normalmente abordo em conversas no meu circulo de relacionamento, onde nem sempre encontro apoio ou opinião unanime favorável, mas que, acho, seria de suma importância a nós brasileiros.

Se nenhum político apresentou o assunto, ou propôs algo a respeito, é porque, com certeza não interessaria ao seu meio, porque antes dos interesses da população eleitora, consideram primeiro os seus próprios.

Concordo com os pontos apresentados na sua fala sobre urna eletrônica e transmissão ao vivo dos julgamentos do STF, mas também acho que deveríamos começar a pensar mais seriamente em propagar a ideia de termos no Brasil a instituição do voto não obrigatório (ou livre), pois, entendo que democracia que se preza não deveria instituir a obrigação dos eleitores em comparecer frente às urnas para ali depositar seu voto, multando-o caso não o faça.

Que democracia é esta que me obriga?

A grande massa da população carente de maior cultura e entendimento vai votar porque é obrigada, e em assim sendo, na frente da urna vai se lembrar daquele candidato que fez mais “micagens” na sua frente lá no horário de propaganda obrigatória do rádio ou da TV.

Via de regra opta também por aqueles que lhe são mais próximos por quaisquer razões, menos as que mais interessariam: de ter um programa de governo, ou uma plataforma de ação detalhada, ou ainda compromisso com a boa gestão e lisura de comportamento.

Para um eleitor sair de sua casa e ir votar numa eleição livre, ele teria que ter real interesse naquele político com quem se identifica e gostaria que se elegesse. E por sua vez os políticos teriam que apresentar propostas reais e sérias para conquistar o eleitor e fazê-lo ir à seção eleitoral votar nele.

Estaríamos assim, livres deste “nhé-nhé-nhém” no rádio e na televisão, onde se gasta muito para se dizer nada.

Muitos dirão que desta forma muito poucos votariam. Pode até acontecer, mas os eleitos teriam mostras de que foram realmente votados por eleitores convictos e não por interesseiros de algo em troca, ou movidos por uma identidade com alguém sem conteúdo, ou ainda, votos para demonstrar insatisfação ou alguma outra coisa.

Talvez ficasse mais difícil para radialistas, apresentadores de programas de TV e palhaços se elegerem.

Mas esses, talvez não fizessem tanta falta.

Eli dos Reis
de Ribeirão Preto-SP


REPRODUÇÃO DO ARTIGO DA COLUNISTA:

Sabor jabuticaba
21 de setembro de 2012 | 3h 01
Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

O voto em urna eletrônica e a transmissão ao vivo de julgamentos do Supremo Tribunal Federal são daquelas questões polêmicas na teoria, mas de resultado comprovadamente positivo.
Inovações brasileiras, ambas suscitam debate. Hoje muito menos do que quando surgiram. Sobre o voto eletrônico aplicado pela primeira vez em 1996, persiste aqui e ali o seguinte senão: sem possibilidade de registro por escrito, o sistema daria margem a fraudes por impossibilitar a conferência.
O sistema reconhecido nacional e internacionalmente como bem-sucedido, na prática desmente os temores. Há muito não se ouve falar em fraude eleitoral e a eficácia da apuração é incontestável.
Já as transmissões diretas das sessões de julgamentos do STF são menos pacíficas. Há restrições até entre os ministros da Corte, embora a maioria seja a favor por se coadunar perfeitamente à transparência exigida da administração pública pela Constituição.
Ainda assim, restam as críticas: as transmissões teriam influência sobre o comportamento dos ministros que, acompanhados "online", tenderiam a votar conforme os desejos da opinião pública, deixando-se conduzir por fatores extrajudiciais, cedendo à tentação de se transformar em figuras de grande aceitação popular.
Seria verdade?
Os dez anos de existência da TV Justiça não dizem isso. Além das diversas ocasiões em que o tribunal foi criticado por tomar decisões na contramão do senso comum, se vigilância precisasse haver sobre a conduta dos ministros as câmeras e os microfones mais ajudam que atrapalham. Aliás, não atrapalham em nada.
Há a opinião do público leigo, mas há também o acompanhamento da chamada comunidade jurídica. Nesse tempo todo, se tivesse havido distorção do papel do Supremo por causa das transmissões ao vivo isso teria sido detectado e denunciado.
O que se tem, na realidade, é justamente o oposto: cada ministro se vê obrigado a fundamentar muito bem seus argumentos nas doutrinas e na legislação em decorrência da exposição total e permanente.
A reação mais recente contra a sistemática das transmissões teve como porta-voz o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas, que apontou "risco à democracia" nas sessões ao vivo.
Incongruente, a posição. Pois se o PT vive denunciando que a "mídia" distorce no noticiário, caso não houvesse transmissão o público saberia do julgamento só por intermédio dos resumos feitos pelos veículos de comunicação ditos "golpistas".
De onde a transparência se comprova como a maior garantia de fidelidade aos fatos.

sábado, 22 de setembro de 2012

NÃO É UMA NOTA DE HUMOR, EMBORA PAREÇA


Os lideres do PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB, se reuniram e emitiram a Nota que vai a seguir reproduzida na íntegra, para segundo eles defenderem a honra e a dignidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Eu a li, e sinceramente, inicialmente pensei tratar-se de uma nota de humor, gozação, ou qualquer coisa parecida, principalmente quando se utilizam de argumentos que mais parecem estar definindo algumas iniciativas do ex-presidente, quando primeiro tentou adiar o início do julgamento do Mensalão, aliás, Ação Penal 470, pois, para o PT não se pode chamá-la "daquilo" porque seus políticos não gostam que pensem que eles participaram de algo que não existiu segundo o criador das "marolinhas", e depois, quando tentou pressionar os juízes do STF se reunindo com um deles.

Outras vezes ele, ou seus mensaleiros, se expressaram sobre o andamento do julgamento com argumentos com os quais queriam dar ao povo a ideia de que estivessem sendo injustiçados. Mais recentemente o senhor Lula disse que teria dito naquela época que o mensalão não existiu, por que os pagamentos não eram mensais. Ora faça-me o favor...

Agora, esta equipe de líderes de partidos políticos se reúne para escrever (e assinar, isso é o mais cômico) uma nota onde se utilizam de um monte de termos e argumentos para defender um mentiroso contumaz, o que é isso? Não é Nota de Humor? É séria?

Sério mesmo?

Eli dos Reis





Leia a íntegra:

"À SOCIEDADE BRASILEIRA

O PT, PSB, PMDB, PCdoB, PDT e PRB, representados pelos seus presidentes nacionais, repudiam de forma veemente a ação de dirigentes do PSDB, DEM e PPS que, em nota, tentaram comprometer a honra e a dignidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Valendo-se de fantasiosa matéria veiculada pela Revista Veja, pretendem transformar em verdade o amontoado de invencionices colecionado a partir de fontes sem identificação.

As forças conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura. Não hesitam em recorrer a práticas golpistas, à calúnia e à difamação, à denúncia sem prova.

O gesto é fruto do desespero diante das derrotas seguidamente infligidas a eles pelo eleitorado brasileiro. Impotentes, tentam fazer política à margem do processo eleitoral, base e fundamento da democracia representativa, que não hesitam em golpear sempre que seus interesses são contrariados.

Assim foi em 1954, quando inventaram um "mar de lama" para afastar Getúlio Vargas. 

Assim foi em 1964, quando derrubaram Jango para levar o País a 21 anos de ditadura. 

O que querem agora é barrar e reverter o processo de mudanças iniciado por Lula, que colocou o Brasil na rota do desenvolvimento com distribuição de renda, incorporando à cidadania milhões de brasileiros marginalizados, e buscou inserção soberana na cena global, após anos de submissão a interesses externos.

Os partidos da oposição tentam apenas confundir a opinião pública. Quando pressionam a mais alta Corte do País, o STF, estão preocupados em fazer da ação penal 470 um julgamento político, para golpear a democracia e reverter as conquistas que marcaram a gestão do presidente Lula.

A mesquinharia será, mais uma vez, rejeitada pelo povo.

Rui Falcão, PT

Eduardo Campos, PSB

Valdir Raupp, PMDB

Renato Rabelo, PCdoB

Carlos Lupi, PDT

Marcos Pereira, PRB.

Brasília, 20 de setembro de 2012"




Leia mais sobre esta matéria em:
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1156485-por-lula-partidos-da-base-se-unem-em-critica-contra-oposicao.shtml
Acessado em 22/09/2012-15:15

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

REFÉM EM UMA GARAGEM



Refém em uma garagem de uma grande empresa de ônibus interestadual, em plena quarta feira, hoje, de madrugada.
Aconteceu comigo na madrugada deste dia 19, esta noite de terça para quarta feira: no trecho Araxá-Uberlândia, passageiro do ônibus que em sua viagem incluía o trecho Belo Horizonte a Ribeirão Preto, sofremos um assalto por volta das 03h00min. e enfrentamos as piores violências, que idênticas só havia visto em reportagens, em notícias de violências e matérias apelativas.
Nós, os dezoito passageiros mais três funcionários da empresa, presentes no ônibus, fomos humilhados, afrontados, xingados e alguns agredidos fisicamente. Levaram documentos pessoais, dinheiro, cartões de crédito e débito, celulares e artigos eletrônicos pequenos e grandes.
Fomos abandonados acuados, em meio a um matagal próximo à rodovia, dando graças a Deus por estarmos vivos e em condições de agradecer a Ele por ter passado por esta experiência a salvo de danos maiores que os materiais, exceto o motorista e mais dois, que além da humilhação tinham também as dores físicas pelo corpo.
Após a saída do local do infeliz episódio, e já na garagem da empresa termos passado pelo momento de relembrar os detalhes das afrontas recebidas, para expo-las aos policiais para os registros do Boletim de Ocorrência; alguns seguiram viagem ao destino, outro retornou a Belo Horizonte para as tratativas de reobtenção de toda sua documentação e providencias nos bancos; e eu fiquei.
Fiquei só, entre ônibus, motoristas cansados e funcionários envolvidos em suas rotinas habituais e nas novas relativas aos assaltos desta madrugada. Sim assaltos, pois, foram dois: um, o nosso que aqui relatei, e outro do trajeto Recife a São Paulo, num local não muito distante.
Todos os funcionários, acolhedores, cada um a seu modo faziam o que podiam para nos atender e tentar minimizar nosso desconforto da malfadada viagem.
Mas porque refém? Porque estava sem dinheiro, sem celular, sem banho e sem roupa limpa e emocionalmente arrasado, preocupado com a família e em como levar até ela a notícia. O sentimento, unânime, pude observar conversando com todos os participantes, era de uma enorme afronta e humilhação extrema; sendo agredidos verbal e fisicamente por assaltantes, xingados com palavrões que muitos ainda não tinham recebido. E todos receberam: homens, mulheres, jovens, velhos (alguns muito mais que eu), gente sadia ou não, todos. Até uma senhora cega (que, imaginem! é voluntária em um hospital em Goiânia) e regressava de viagem de visita à mãe idosa, doente. Esta senhora também foi humilhada e agredida verbalmente.
Refém, por que se saísse da garagem e seguisse em frente para tentar abreviar meu retorno a Ribeirão Preto (já que teria que aguardar lá até ter outro carro em trânsito para São Paulo que me traria à minha cidade) não passaria de um guichê ouvindo a resposta de que sem dinheiro não viajaria. Na rua, sem celular não falaria com meu pessoal, e os orelhões (alguém se lembra deles?) normalmente não funcionam. Alimentação nas redondezas só a dinheiro. Ainda bem que na hora do almoço a empresa me incluiu entre o seu pessoal e pude acompanhá-los nessa tarefa.
Então, a saída foi continuar refém aguardando o ônibus que viria de Cuiabá (ou Porto Velho, nem me lembro) sentido São Paulo para ir com ele.
Pelo menos lá tinha um sofá para descanso, água e café, e pessoas dispostas a conversar.

Eli dos Reis
de Uberlândia, quarta-feira, 19/09/12.












EM TEMPO:
Na estadia forçada na garagem de Uberlândia apurei que eu deveria estar em outro ônibus da mesma empresa, que saiu do mesmo local e no mesmo horário. Se estivesse nesse outro, não teria participado deste infeliz episódio. Aí fiquei achando que “meu destino” era passar por isso, mas aqu’Ele que permitiu que passássemos por tudo isso, foi O mesmo que nos livrou do pior, para sua honra e sua glória.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

PT - Como fingir fazer uma coisa, mas querendo outra...



Estão dizendo que nosso prezado ex-presidente anda irado. Deve estar muito inconformado com o andamento do julgamento do Mensalão, que, aliás, não quer que seja assim chamado, e por isso anda tentando negociar a não condenação dos seus ex-comandados e integrantes do “esquema PT de fazer as coisas”, de qualquer jeito.

Acabo de ler o artigo a seguir do colunista Reinaldo Azevedo, que escreve brilhantemente sobre o assunto.

Boa leitura a todos

Eli dos Reis


Vejam só o texto:

“A fúria de Lula não poupa nem Frei Betto. Ou: Braveza de ex-presidente vale como medalha de honra ao mérito para os ministros do STF

Luiz Inácio Lula da Silva agora faz saber aos seus que está mexendo os pauzinhos para evitar que os mensaleiros condenados sejam presos. Fiquei cá a pensar com quais instrumentos opera esse mago, e não consegui ver nenhum que não seja uma interferência indevida, ilegal e subterrânea no Supremo. Como não dispõe de instrumentos institucionais para fazer essa pressão, de quais outros disporia? Quando tentou intimidar Gilmar Mendes, com uma chantagem sem lastro, deu-se mal. Teria ele condições de se dar bem com outros? Com quais armas?
Lula não se conforma com o fato de o Brasil ser uma República. Considera-se o quarto Poder — acima dos outros Três, claro! — e vai, assim, metendo os pés pelas mãos.
Fiquei sabendo de algo espantoso. O Apedeuta está bravo até com… Frei Betto! Sim, está em litígio afetivo com esse notável pensador, que, à guisa de imaginar o cruzamento entre o catolicismo e o comunismo, também delirou com uma transa (falo sério!) entre Santa Tereza D’Ávila e Che Guevara, o “Porco Fedorento”. E por que a zanga com Frei Betto? Porque foi o primeiro que lhe falou de um certo Joaquim Barbosa para o Supremo.
Lula não estava em busca de um ministro propriamente, mas de um elemento de propaganda. O fato de Barbosa ser negro se lhe afigurou mais importante do que o de ter credenciais, como tem, para assumir o posto. O Apedeuta esperava “fidelidade” daqueles que foram por ele indicados para o STF. E esperava ainda mais de Barbosa. No íntimo, deve achar que fez uma grande concessão.
Ou por outra: o Babalorixá de Banânia não indicou um negro por “zelo de justiça”, como escreveu Padre Vieira, mas por concupiscência politicamente correta. O próprio ministro percebeu isso e afirmou, certa feita, numa entrevista, que esperavam na corte um “negro submisso”. Indaguei, então, a quem estava se referindo; incitei-o a dar o nome desse sujeito indeterminado. Agora já sei.
A própria figura de Barbosa, já apontei aqui, passou por uma drástica mudança naquele submundo da Internet alimentado com dinheiro público. De herói, passou a vilão; de primeiro negro a chegar ao Supremo como evidência da superioridade moral do PT, passou a ser o “negão ingrato”, que cospe na mão de que lhe garantiu tão alta distinção. Sob o pretexto de combater o racismo, esperava-se um… negro submisso!!! Barbosa, convenha-se, está dando uma resposta e tanto à má consciência.
Já discordei muitas vezes do ministro — e o arquivo está aí para prová-lo. Mas nunca ataquei a sua altivez. Altivez que deve ter não porque negro (essa qualidade não tem cor), mas porque ministro do Supremo. Lula também está bravo com outros. Não julgava estar indicando ministros, mas vassalos; não escolhia nomes para a mais alta corte do país, mas procuradores de um projeto de poder. Por isso anda por aí dando murro na mesa, inconformado com a “ingratidão”.
Em meio a tantos males, o mensalão fez ao menos um grande bem ao país: despertou-nos para a existência de uma corte suprema. Os deputados são 513. Os senadores são 81. Ministros de estado, especialmente na era petista, os há a perder de vista. Mas só 11 homens e mulheres na República podem sentar naquelas cadeiras.
Agora, a sociedade já os descobriu. E espera que façam justiça. Um deles, dia desses, foi vaiado por um grupo num aeroporto. Não era uma horda de militantes fardados, de camisas-negras ou de camisas-vermelhas. Eram brasileiros que trabalham, que estudam, que repassam ao Estado, também à Justiça, boa parte dos seus rendimentos. E que cobram dos ministros decoro, decência e coerência.
Lula está bravo com Joaquim e com outros “ingratos”? Vale por uma medalha de honra ao mérito.
Por Reinaldo Azevedo”