domingo, 23 de dezembro de 2012

A Marta escreveu, eu achei legal e postei...



Perdi uma grande amiga...




Algumas pessoas podem não entender e achar que é um exagero.

Mas, ela era minha amiga...

Uma amiga de quatro patas, sem raça definida (isso é moderno, porque antes a gente dizia “vira lata”.), que entrou na minha vida e de minha família há mais de dezesseis anos.
Foi no início de outubro de 1996. Uma manhã eu estava saindo prá levar a Camila (minha filha) à escola e lá estava ela, em frente à nossa casa.
Chegou de mansinho, com uma carinha de carente (pois foi abandonada ali, provavelmente logo após ter sido desmamada). Que pessoa “legal” que fez isso com ela... Que “ser humano”...
Era linda, parecia uma bolinha de pelo. Logo, eu e a Camila nos apaixonamos por ela e não poderia ser de outro modo.
Nós duas amamos muito os animais (seja de duas ou quatro “patas”) e não poderíamos deixá-la na rua.
No início foi difícil conseguir permissão para adotá-la, pois já tínhamos um cachorrinho (o Peter, uma “coisa muito fofa e amada”, que também nos deixou aos doze anos e um gatinho selvagem chamado Nino que era muito amado por nós também e que desapareceu um pouco depois da chegada da Jully e nunca mais tivemos notícias).
Mas, nós lutamos e conseguimos que ela ficasse, a princípio temporariamente, até que alguém quisesse adotá-la. Claro, que isso não aconteceu... Nem fizemos muita força...
E isso durou mais de dezesseis anos...
Levamos a Jully ao veterinário e ele calculou que ela deveria ter por volta de quarenta dias. Então, como foi no início de outubro que ela chegou, imaginamos que seu nascimento teria sido no início de setembro de 1996.
Ela tomou todas as vacinas de filhote e a castramos, para evitar mais animais abandonados como ela, pelas ruas (fizemos a nossa parte).
Passou conosco por muitos momentos, uns bons e outros muito difíceis.
Mas, estava sempre ao nosso lado, principalmente comigo, que era a pessoa que ficava mais tempo com ela.
Em Jaú, onde moramos por mais de três anos, muitas vezes era a única companhia que eu tinha, às vezes durante quinze dias seguidos. Era com ela que eu conversava, desabafava nos momentos difíceis.
Claro que ela não falava nada, mas ouvia e parecia ter sensibilidade prá entender quando eu não estava bem, estava triste.
Por tudo isso é que eu digo que ela era minha amiga...
Uma amiga guerreira, que por várias vezes teve problemas de saúde e achávamos que não iria resistir.
Mas, ela passou por tudo, sempre com muita garra.
Era uma cachorrinha do bem. Não mordia, não avançava em ninguém, nem latia muito.
Só “entrava em pânico” quando soltavam fogos. Aí ela perdia o controle, ficava fora de si e nos deixava nervosos e ao mesmo tempo com dó pelo seu sofrimento.
Depois de Jaú, voltamos prá Ribeirão Preto e ela continuou nos acompanhando.
Com a idade avançada, os problemas de saúde foram aumentando, ela perdeu a visão de um olho, já não escutava bem.
Há algum tempo teve uma convulsão e a veterinária disse que deveria ser problema cardíaco.
Sua saúde foi piorando...
Sabíamos que a qualquer hora isso iria acontecer.
Mas, confesso, que quando aconteceu, fiquei muito, muito triste (e ainda estou).
Foi na madrugada de 21 para 22 de dezembro de 2012, por volta das cinco horas da manhã.
O meu sentimento de perda é como se fosse alguém da minha família.
Ela me trazia lembranças de um tempo que eu tinha meu pai e minha mãe comigo. Eles conviveram com ela e já não estão conosco há muitos anos.
Agora até isso acabou...
A Jully sempre foi tão discreta na sua existência e na hora de morrer não foi diferente. Sem barulho, sozinha, sem incomodar ninguém.
Mas, como os animais tem muito mais sensibilidade que nós, o Pablito e a Lolinha (nossos amados cãezinhos) perceberam que alguma coisa estranha estava acontecendo com a “Tia Jully” e ficaram muito agitados, dentro de casa e nessa hora eu entendi.
Só não tive coragem de ir conferir, mas acho que foi melhor, pois, além de não poder fazer mais nada, pois ela já estava no fim, eu iria ficar pior ao vê-la morrer. Sei lá o que é pior...
Essa era a Jully...
Sinto um vazio grande... Eu sei que temos que conviver com isso, mas, Jully, você vai deixar muita saudade e sempre estará na minha lembrança, como até hoje eu nunca me esqueci do Peter e do Nino, que foram tão importantes.
Esses bichinhos nos ensinam a todo o momento.
Amam-nos incondicionalmente, não discutem, não agridem, não guardam mágoa, não nos ofendem.
E não importa o que façamos, quando chegamos, nos recebem, “abanando o rabo”.
São solidários quando estamos tristes, coisa que o ser humano muitas vezes não é.
Só atacam se estiverem com fome ou se sentirem de alguma forma ameaçados.
Que diferença do ser humano...
O homem ataca, mata, violenta outros seres humanos e animais, muitas vezes pelo simples prazer de fazer.
Deveríamos nos espelhar mais nos animais ditos irracionais.
Jully, essas palavras expressam o que eu sentia e sinto por você.

Saudades, minha grande amiga...

Marta 



PS.:
Vi a Marta terminando de escrever esse texto hoje pela manhã, pedi para ler, achei interessante e resolvi postar aqui no meu Blog, como já tinha feito com um texto dela há alguns tempos atrás.
Espero que gostem, assim como eu gostei.
Bom final de domingo...

Eli dos Reis


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