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ENCHENTES: NINGUÉM AGUENTA MAIS...
Hoje resolvi dar uma alterada nos tons e tópicos dos assuntos que aqui tenho abordado e falar um pouquinho da nossa mais nova calamidade sócio-ambiental: as enchentes!
É um caso muito sério, é bem verdade, mas o que se vê nas televisões e rádios é apenas um sensacionalismo típico de procura de grande audiência.
Colocam tudo como uma grande tragédia, implacável, arquitetada especialmente contra os humildes. Os repórteres, todos com cara de Ilze Scamparini quando fala do Vaticano, parecendo totalmente sem forças e prestes a ter um desmaio por extrema fraqueza, saem sempre à procura de algum infeliz para entrevistá-lo encurralando-o com perguntas destinadas a fazê-lo chorar frente às câmaras.
Enquanto não houver lágrima não param as perguntas nem tiram a lente da face do pobre desabrigado.
A desgraça por si só já basta!
Querem coisa pior que perder tudo: familiares, entes queridos, bens imóveis e móveis? E ainda ter que agüentar um repórter ou uma repórter com aquelas perguntas idiotas e sem sentido naquela hora? Façam-me o favor!
Se quiserem mostrar, que mostrem o que ocorreu e pronto. Sem essa de lágrimas forçadas e induzidas.
Deveríamos exigir correção, sinceridade e transparência com estas ocupações desordenadas. Não se pode invadir, construir e morar em áreas de risco e está acabado!
Ora minha gente! Se todos sabem que em área de risco não se deve morar, por que se deixa?
Eu acho que a postura de todos, especialmente das autoridades e dos políticos deveria ser transparente e sincera: Não! Para o bem de todos, inclusive do interessado e de sua família.
Quando se fala em retirar pessoas destas regiões, é comum se verem políticos lá no meio do povo fazendo movimento e gritaria para se evitar a desocupação.
Por quê? Por causa dos votos! E não por causa do bem e da segurança da população.
Vez por outra ouvimos falar em “urbanização das favelas”. Por quê? Por causa dos votos! E não por causa da urbanização pura e simples.
Quando a ocupação é em área fronteiriça à nossa casa, ficamos contra não por causa do que poderá acontecer àquelas pessoas que irão morar na área de risco, mas sim devido à desvalorização do nosso imóvel, ou devido à “sujeira” e ao incômodo que estes vizinhos podem nos trazer.
No sul do País existem muitas residências, bairros grandes até, que ficam em elevações e encostas de morros, mas que são cuidados e muito bem amparados pelas políticas públicas das prefeituras locais. Podem-se ter casos quase idênticos aos que estamos vendo agora, mas sem esse número excessivo de mortes.
Quando as autoridades adotam políticas corretas, e atitudes sinceras, o resultado é compensador.
Precisamos todos, sermos sinceros: envolver-nos na defesa da melhoria de vida dos menos afortunados. Trabalhar pela melhoria de condições de trabalho, moradia e condições de amparo à saúde.
Sem essa de dar um cartãozinho plástico a uma pessoa que fica o mês todo sem fazer nada (e nada mesmo: sem trabalhar, sem ser útil, e sendo um peso-morto ao Estado) e no final do mês chegar-se a um caixa eletrônico e retirar um valor que para ele é o sustento mensal.
Sem fazer nada! Lembram-se da história de se dar o peixe? Não é melhor ensinar e dar condição de se pescar?
Dar em troca de nada dá voto, ensinar, não. Então vamos dar, principalmente o que não é meu, é do Estado! Coisa de um presidente populista, fazedor constante de auto-elogio e que só soube recriminar seu antecessor durante oito anos!
Vamos esperar, e cobrar, que os governos não fiquem apenas com estas atitudes de sobrevoar os infelizes de helicópteros, vestidos de coletes salva-vidas, dizendo que as ocupações não deveriam existir, argumentando que irão liberar verbas de forma rápida para o bem dos atingidos, e parar nisso.
Nem assinar papéis dizendo serem verbas para projetos de contenção de encostas, projetos fantasiosos, e apoios a prefeituras, e, amanhã passado o trauma, esquecendo-se tudo. Ficando-se apenas nas assinaturas. Até a próxima chuva, a próxima avalanche
Nosso país é cheio de leis, o que se precisa é fazê-las efetivas.
Lei que não se cumpre, são palavras mortas.
Vamos pensar nisso!
Eli dos Reis
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