sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

NOEL DE ROUPA NOVA


Marilene Marques
Interrogativos pensamentos permeiam a mente infantil que nem sempre fala, mas a tudo observa, sem que os adultos se deem conta disto. É também assim quando nos damos conta de uma dura verdade.
Aquela movimentação natalina começa a ter vários sentidos!
Contraditório ao extremo, tudo parece confuso, tal qual a Torre de Babel. Ninrode é descendente direto de Noé, caçador perverso, fundador e primeiro rei de Babel. De Babel nasceu a Babilônia e hoje lá está o Iraque.
Sabedora de que o filho Ninrode perdera a vida numa batalha ou atacado por uma fera, enlutada, criou o costume de levar presentes e alimentos, depositados debaixo de uma frondosa árvore.
Afirmam alguns que foi daí que surgiu o uso de árvores no período de Natal. O fato é que as árvores agora, não são naturais, ficam dentro das casas, bem ornamentadas por coloridas e brilhantes bolinhas, com suas decorações inovadas a cada ano.
Noel vem do francês (latim): natalis (nascimento). Com suas variantes, foi fácil introduzir a figura de Noel com o nascimento de Jesus e ser o mais esperado e lembrado no período.
Papai Noel ou Pai Natal (“Noël” é natal em francês) é uma figura lendária que, em muitas culturas, traz presentes aos lares de crianças “bem comportadas”. Sua lendária figura pode ter sido originada em parte aos nicolaítas, seguidores de Nicolau (citado no Livro de Apocalipse), e, quase idêntica a uma lenda atribuída ao folclore grego e bizantino a Basílio de Cesareia, quando trocam presentes.
Natal comemora o nascimento de Jesus!
Pois bem, Noel entrega presentes no mundo inteiro, na mesma hora a todas as crianças. Usa um trenó com nove renas, desce por chaminés e cada lenda define uma morada fixa para o mesmo, seja no Polo Norte, Lapônia, Finlândia e assim por diante.
Suas vestes e gorro verdes foram trocados pelo cartunista Thomaz Nast pelo vermelho e branco. White Rock Beverages (1915) o tinha feito para vender água mineral. Tornou a recorrer ao visual para um anúncio de ginger ale (refrigerante de gengibre) em 1923. Ainda mais cedo, o simpático e sorridente gorduchinho, vestido no atual traje vermelho e branco já tinha aparecido em várias capas da revista “Puck” nos primeiros anos do século 20.
Em 1931 uma empresa estrangeira usa a mesma imagem em seus vasilhames numa grande campanha publicitária e assim o bom velhinho não trocou mais de roupa chegando ao Brasil para ficar e ocupar o trono como o mais forte símbolo e motivo sequencial do Natal.
Se o cartunista Thomas Nast mudou-lhe os trajes do verde vascaíno para o vermelho e branco, logo os brasileses* também podem trocar-lhe as cores e estilo de suas vestes, por uma bermuda verde, camisa de malha leve verde e amarelo combinando com o gorro, que poderia ser um boné; finas luvas e meias brancas a critério do freguês; botas por tênis azul anil; uma mochila maneira combinando com as cores do País.
Isto seria totalmente revolucionário para os nossos dias!
Há bastante tempo existe certa posição de que se ensine crianças a não acreditar em Papai Noel. Alguns cristãos estão certos de que a tradição desvia as crianças das origens religiosas e do propósito verdadeiro do Natal.
Os mais críticos e nada místicos sentem que a figura é uma mentira elaborada e que é eticamente incorreto que os pais ensinem os filhos a crer em sua existência. Ainda outros se opõem a Noel como um símbolo da comercialização do Natal, ou como uma intrusão em suas próprias tradições nacionais.
Cada um tem a sua opinião. E o suposto bom velhinho continua ganhando prestígio, trono conquistado, mesmo com os vários inimigos. Criticado por suas vestes de inverno, usadas num clima quente, tropical como o Brasil, ninguém toma a iniciativa de mudanças.
Preconceituoso, os presentes são SÓ PARA CRIANÇAS OBEDIENTES, como se as demais não tivessem necessidades, desejos e sentimentos. Logo, podemos concluir que todas as crianças pobres não são obedientes, porque seus pais não podem lhes presentear sob a patente financeira de um Papai Noel estrangeiro, que mais parece vovô com seus trajes fora de época.
De característica mística, o brasileiro gosta e sempre procura novos mitos, para alimentar suas ilusões e crendices, ficando vulnerável ao engano e trapaças. Assim nasceu esta Nação Brasilêsa** (* **Nota Prof. José Carlos Bortoloti).
Nativos com os olhinhos brilhantes contemplando os colares e outros apetrechos, oferecidos pelos “colonizadores”. Logo após chegaram os olhares amedrontados pelo destino desconhecido, encurralados, sem nenhuma perspectiva para o futuro e no peito o sonho da liberdade, ainda que fosse a morte. Olhares estes que trouxeram riqueza ao Brasil, como máquina de produção, e, a mistura fina de um povo com seus inconfundíveis traços e epiderme macia de incomparável cor e beleza.
Não diferente disto, até hoje continuamos iludidos pelo misticismo de belos contos, vivendo aos pés de um reinado. Reis, rainhas, príncipes e princesas com seus inesquecíveis romances e selfies. Todas as atenções voltadas para o que se passa no palácio e o povo nas aldeias, trabalhando como lenhadores e outras tarefas pesadas, vivendo em extrema miserabilidade… Como os contos de fadas… Felizes para sempre!
A maldosa credulidade vem da infância, ensinada pelos impiedosos e imaturos adultos. E crescemos embebidos de expectativas, fazendo apostas em jogos de azar, ensinando nossas crianças a acreditar num lendário senhor, no período natalino, com suas vestes quentes, em pleno verão brasileiro, sem trazer deveras nenhum presente a nossas crianças.
Confiantes em homens inexistentes, que vivem de aparências, desde ídolos do futebol a artistas, com suas atraentes imagens fotográficas e televisivas, da senzala cultivamos o comportamento de ilusória esperança de bem estar “em que se plantando, tudo dá”.
Lembremo-nos de que hoje não se usa mais sacos vermelhos nas costas, mas sim, maletas, malas, mochilas, bolsas, cuecas de dinheiro, abarrotadas da clandestinidade, da corrupção. Curvamo-nos diante das mentirosas promessas que, nos leva até ao chão diante de fraudes obedecendo às leis de muitos Noeis e suas famílias, com caras de avós, bisavôs, tataravôs e não de papai, devido ao longo tempo que estão no poder, cuja bala distribuída não é doce.
E assim, inertes nem reparamos que vivemos de faz de conta, de mentirinha. As filas para “uma fezinha” crescem, aumentando os lucros de gananciosos banqueiros, tal qual aumenta a nossa miséria de credulidade. Nossos centavos ficam nas máquinas registradoras dos comerciantes e tacitamente concordamos, passando a cúmplices.
Natal vai, Natal vem e não nos danos conta do custo de vida danoso, aproveitando-se desta data, para que uma suposta alegria invada as mentes, com gastos além das posses, contraindo dívidas desnecessárias, agonizando a nossa alma de desejos e satisfações materiais, emocionais e nunca de confraternização como irmãos que somos.
E ainda, quer em casa, andando ou no trabalho, ouvimos cumprimentos de “Feliz Natal”, até mesmo de governantes, artistas e de várias pessoas que nos cercam, mas que, no entanto nos massacram em todos os demais 364 dias do ano.
Que este Natal não nós seja apenas um cenário de brilhantes ornamentos natalinos, mas sim, também, mais um motivo de lançar fora a viseira que nos cega desde criança, nos fazendo de crédulos, mesmo sabendo do engano.
Que seja também mais um motivo para deixarmos a subserviência e sina escravagista, por mais um dos motivos de nossa alegria, confraternização verdadeira, certos de que só há vitórias diante das lutas.
Deixemos que toda honra e toda glória sejam dadas ao verdadeiro aniversariante do dia!

by Marilene Marques






REPRODUÇÃO 

Publicado por Marilene Marques em Dezembro 19, 2015 em Grupomoney.br ... Painel Express no endereço https://grupomoneybr.wordpress.com/2015/12/19/noel-de-roupa-nova/ 

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Um comentário:

  1. Obrigada pelo privilégio de estar aqui sendo reblogado um texto meu. Sinto-me deveras muito honrada. Boa noite!!!

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