Marilene Marques
Interrogativos pensamentos permeiam a
mente infantil que nem sempre fala, mas a tudo observa, sem que os adultos se
deem conta disto. É também assim quando nos damos conta de uma dura verdade.
Aquela movimentação natalina
começa a ter vários sentidos!
Contraditório
ao extremo, tudo parece confuso, tal qual a Torre de Babel. Ninrode é descendente direto de Noé,
caçador perverso, fundador e primeiro rei de Babel. De Babel nasceu a Babilônia
e hoje lá está o Iraque.
Sabedora de que o filho Ninrode
perdera a vida numa batalha ou atacado por uma fera, enlutada, criou o costume
de levar presentes e alimentos, depositados debaixo de uma frondosa árvore.
Afirmam alguns que foi daí que surgiu
o uso de árvores no período de Natal. O fato é que as árvores agora, não são
naturais, ficam dentro das casas, bem ornamentadas por coloridas e brilhantes
bolinhas, com suas decorações inovadas a cada ano.
Noel vem do
francês (latim): natalis (nascimento). Com suas variantes, foi fácil introduzir a figura de Noel com o
nascimento de Jesus e ser o mais esperado e lembrado no período.
Papai Noel ou Pai Natal (“Noël” é natal em francês)
é uma figura lendária que, em muitas culturas, traz presentes aos lares de
crianças “bem
comportadas”. Sua lendária figura pode ter sido originada em parte aos
nicolaítas, seguidores de Nicolau (citado no Livro de Apocalipse), e, quase
idêntica a uma lenda atribuída ao folclore grego e bizantino a Basílio de
Cesareia, quando trocam presentes.
Natal comemora o nascimento de
Jesus!
Pois bem, Noel entrega presentes no
mundo inteiro, na mesma hora a todas as crianças. Usa um trenó com nove renas,
desce por chaminés e cada lenda define uma morada fixa para o mesmo, seja no
Polo Norte, Lapônia, Finlândia e assim por diante.
Suas vestes e gorro verdes foram
trocados pelo cartunista Thomaz Nast pelo vermelho e branco. White Rock
Beverages (1915) o tinha feito para vender água mineral. Tornou a recorrer ao
visual para um anúncio de ginger ale (refrigerante de gengibre) em 1923. Ainda
mais cedo, o simpático e sorridente gorduchinho, vestido no atual traje
vermelho e branco já tinha aparecido em várias capas da revista “Puck” nos
primeiros anos do século 20.
Em 1931 uma
empresa estrangeira usa a mesma imagem em seus vasilhames numa grande campanha
publicitária e assim o bom velhinho não trocou mais de roupa chegando ao Brasil para ficar e
ocupar o trono como o mais forte símbolo e motivo sequencial do Natal.
Se o cartunista Thomas Nast mudou-lhe
os trajes do verde vascaíno para o vermelho e branco, logo os brasileses*
também podem trocar-lhe as cores e estilo de suas vestes, por uma bermuda
verde, camisa de malha leve verde e amarelo combinando com o gorro, que poderia
ser um boné; finas luvas e meias brancas a critério do freguês; botas por tênis
azul anil; uma mochila maneira combinando com as cores do País.
Isto seria totalmente
revolucionário para os nossos dias!
Há bastante tempo existe certa posição
de que se ensine crianças a não acreditar em Papai Noel. Alguns cristãos estão
certos de que a tradição desvia as crianças das origens religiosas e do
propósito verdadeiro do Natal.
Os mais críticos e nada
místicos sentem que a figura é uma mentira
elaborada e que é eticamente incorreto que os pais ensinem os filhos a crer em
sua existência. Ainda outros se opõem a Noel como um símbolo da comercialização
do Natal, ou como uma intrusão em suas próprias tradições nacionais.
Cada um tem a sua opinião. E o suposto
bom velhinho continua ganhando prestígio, trono conquistado, mesmo com os
vários inimigos. Criticado por suas vestes de inverno, usadas num clima quente,
tropical como o Brasil, ninguém toma a iniciativa de mudanças.
Preconceituoso,
os presentes são SÓ PARA CRIANÇAS OBEDIENTES, como se as demais não tivessem
necessidades, desejos e sentimentos. Logo, podemos concluir que todas as crianças pobres não
são obedientes, porque seus pais não podem lhes presentear sob a patente
financeira de um Papai Noel estrangeiro, que mais parece vovô com seus trajes
fora de época.
De característica mística, o
brasileiro gosta e sempre procura novos mitos, para alimentar suas ilusões e
crendices, ficando vulnerável ao engano e trapaças. Assim nasceu esta Nação
Brasilêsa** (* **Nota Prof. José Carlos Bortoloti).
Nativos com os olhinhos brilhantes
contemplando os colares e outros apetrechos, oferecidos pelos “colonizadores”.
Logo após chegaram os olhares amedrontados pelo destino desconhecido,
encurralados, sem nenhuma perspectiva para o futuro e no peito o sonho da
liberdade, ainda que fosse a morte. Olhares estes que trouxeram riqueza ao
Brasil, como máquina de produção, e, a mistura fina de um povo com seus
inconfundíveis traços e epiderme macia de incomparável cor e beleza.
Não diferente disto, até hoje
continuamos iludidos pelo misticismo de belos contos, vivendo aos pés de um
reinado. Reis, rainhas, príncipes e princesas com seus inesquecíveis romances e
selfies. Todas as atenções voltadas para o que se passa no palácio e o povo nas
aldeias, trabalhando como lenhadores e outras tarefas pesadas, vivendo em
extrema miserabilidade… Como os contos de fadas… Felizes para sempre!
A maldosa credulidade vem da infância,
ensinada pelos impiedosos e imaturos adultos. E crescemos embebidos de
expectativas, fazendo apostas em jogos de azar, ensinando nossas crianças a
acreditar num lendário senhor, no período natalino, com suas vestes quentes, em
pleno verão brasileiro, sem trazer deveras nenhum presente a nossas crianças.
Confiantes em
homens inexistentes, que vivem de aparências, desde ídolos do futebol a
artistas, com suas atraentes imagens fotográficas e televisivas, da senzala
cultivamos o comportamento de ilusória esperança de bem estar “em que se plantando, tudo dá”.
Lembremo-nos de que hoje não se usa
mais sacos vermelhos nas costas, mas sim, maletas, malas, mochilas, bolsas,
cuecas de dinheiro, abarrotadas da clandestinidade, da corrupção. Curvamo-nos
diante das mentirosas promessas que, nos leva até ao chão diante de fraudes
obedecendo às leis de muitos Noeis e suas famílias, com caras de avós, bisavôs,
tataravôs e não de papai, devido ao longo tempo que estão no poder, cuja bala
distribuída não é doce.
E assim, inertes nem reparamos que
vivemos de faz de conta, de mentirinha. As filas para “uma fezinha” crescem,
aumentando os lucros de gananciosos banqueiros, tal qual aumenta a nossa miséria
de credulidade. Nossos centavos ficam nas máquinas registradoras dos
comerciantes e tacitamente concordamos, passando a cúmplices.
Natal vai, Natal vem e não nos danos
conta do custo de vida danoso, aproveitando-se desta data, para que uma suposta
alegria invada as mentes, com gastos além das posses, contraindo dívidas
desnecessárias, agonizando a nossa alma de desejos e satisfações materiais,
emocionais e nunca de confraternização como irmãos que somos.
E ainda, quer em casa, andando
ou no trabalho, ouvimos cumprimentos de “Feliz Natal”, até mesmo de
governantes, artistas e de várias pessoas que nos cercam, mas que, no entanto
nos massacram em todos os demais 364 dias do ano.
Que este Natal não nós seja apenas um
cenário de brilhantes ornamentos natalinos, mas sim, também, mais um motivo de
lançar fora a viseira que nos cega desde criança, nos fazendo de crédulos,
mesmo sabendo do engano.
Que seja também mais um motivo para
deixarmos a subserviência e sina escravagista, por mais um dos motivos de nossa
alegria, confraternização verdadeira, certos de que só há vitórias diante das
lutas.
Deixemos
que toda honra e toda glória sejam dadas ao verdadeiro aniversariante do dia!
by
Marilene Marques
REPRODUÇÃO
Publicado por Marilene Marques em Dezembro 19, 2015 em
Grupomoney.br ... Painel Express no endereço https://grupomoneybr.wordpress.com/2015/12/19/noel-de-roupa-nova/
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Obrigada pelo privilégio de estar aqui sendo reblogado um texto meu. Sinto-me deveras muito honrada. Boa noite!!!
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