Refém em uma garagem de uma grande
empresa de ônibus interestadual, em plena quarta feira, hoje, de madrugada.
Aconteceu comigo na madrugada
deste dia 19, esta noite de terça para quarta feira: no trecho
Araxá-Uberlândia, passageiro do ônibus que em sua viagem incluía o trecho Belo
Horizonte a Ribeirão Preto, sofremos um assalto por volta das 03h00min. e
enfrentamos as piores violências, que idênticas só havia visto em reportagens,
em notícias de violências e matérias apelativas.
Nós, os dezoito passageiros mais
três funcionários da empresa, presentes no ônibus, fomos humilhados,
afrontados, xingados e alguns agredidos fisicamente. Levaram documentos
pessoais, dinheiro, cartões de crédito e débito, celulares e artigos eletrônicos
pequenos e grandes.
Fomos abandonados acuados, em
meio a um matagal próximo à rodovia, dando graças a Deus por estarmos vivos e
em condições de agradecer a Ele por ter passado por esta experiência a salvo de
danos maiores que os materiais, exceto o motorista e mais dois, que além da
humilhação tinham também as dores físicas pelo corpo.
Após a saída do local do infeliz
episódio, e já na garagem da empresa termos passado pelo momento de relembrar
os detalhes das afrontas recebidas, para expo-las aos policiais para os
registros do Boletim de Ocorrência; alguns seguiram viagem ao destino, outro
retornou a Belo Horizonte para as tratativas de reobtenção de toda sua
documentação e providencias nos bancos; e eu fiquei.
Fiquei só, entre ônibus,
motoristas cansados e funcionários envolvidos em suas rotinas habituais e nas
novas relativas aos assaltos desta madrugada. Sim assaltos, pois, foram dois:
um, o nosso que aqui relatei, e outro do trajeto Recife a São Paulo, num local
não muito distante.
Todos os funcionários,
acolhedores, cada um a seu modo faziam o que podiam para nos atender e tentar
minimizar nosso desconforto da malfadada viagem.
Mas porque refém? Porque estava
sem dinheiro, sem celular, sem banho e sem roupa limpa e emocionalmente
arrasado, preocupado com a família e em como levar até ela a notícia. O sentimento,
unânime, pude observar conversando com todos os participantes, era de uma enorme
afronta e humilhação extrema; sendo agredidos verbal e fisicamente por
assaltantes, xingados com palavrões que muitos ainda não tinham recebido. E
todos receberam: homens, mulheres, jovens, velhos (alguns muito mais que eu),
gente sadia ou não, todos. Até uma senhora cega (que, imaginem! é voluntária em
um hospital em Goiânia) e regressava de viagem de visita à mãe idosa, doente.
Esta senhora também foi humilhada e agredida verbalmente.
Refém, por que se saísse da
garagem e seguisse em frente para tentar abreviar meu retorno a Ribeirão Preto (já
que teria que aguardar lá até ter outro carro em trânsito para São Paulo que me
traria à minha cidade) não passaria de um guichê ouvindo a resposta de que sem
dinheiro não viajaria. Na rua, sem celular não falaria com meu pessoal, e os
orelhões (alguém se lembra deles?) normalmente não funcionam. Alimentação nas
redondezas só a dinheiro. Ainda bem que na hora do almoço a empresa me incluiu
entre o seu pessoal e pude acompanhá-los nessa tarefa.
Então, a saída foi continuar
refém aguardando o ônibus que viria de Cuiabá (ou Porto Velho, nem me lembro)
sentido São Paulo para ir com ele.
Pelo menos lá tinha um sofá para descanso,
água e café, e pessoas dispostas a conversar.
Eli dos Reis
de Uberlândia, quarta-feira,
19/09/12.
EM TEMPO:
Na estadia forçada na garagem de
Uberlândia apurei que eu deveria estar em outro ônibus da mesma empresa, que
saiu do mesmo local e no mesmo horário. Se estivesse nesse outro, não teria
participado deste infeliz episódio. Aí fiquei achando que “meu destino” era
passar por isso, mas aqu’Ele que permitiu que passássemos por tudo isso, foi O
mesmo que nos livrou do pior, para sua honra e sua glória.
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