Durante um almoço estive
conversando com um amigo, meu ex-aluno de um dos cursos da Universidade em que
trabalho, onde entre outros assuntos, falamos do comportamento das pessoas nas
redes, ditas, sociais.
Ele contou um fato ocorrido com
ele quando estava apenas dando o que ele imaginava ser uma contribuição para
identificar os veículos do Condomínio onde mora, numa cidade de médio para grande
porte, próxima a Ribeirão Preto. Esse singelo gesto acabou virando foco de um
grande número de respostas grosseiras, provocações desaforadas e palavras de
desacato, só porque ele queria fomentar a proteção e o bem comum.
Aquela pancadaria verbal só
acabou porque ele decidiu excluir o seu comentário. Eu disse “aquela pancadaria”
já que este tipo de pessoas parece ficar nos sites e nas páginas da internet
sempre dispostas a uma provocação e a uma nova discussão acalorada e mal
criada, tão logo alguém coloque um comentário com o que não concordem. Aí se
começa nova serie de provocações, e lá no Condomínio dele não foi diferente.
Eu há um tempinho atrás,
dispus-me a ser o administrador de uma página no Facebook de um Condomínio na
minha cidade. Meu objetivo era o de termos um meio de aproximar as pessoas, tem
uma forma de comentarmos atos, fatos e experiências que servissem ao bem comum
e, enfim, nos conhecermos melhor, e como já disse, nos aproximarmos.
Hoje eu vejo como fui um otimista
extremamente otimista...
Tudo aquilo que imaginei de bom,
ainda não aconteceu. Mas as intrigas, estas sim ocorreram e ocorrem a cada
momento.
E aos montes...
Não sei por que estas pessoas
vivem assim “em pé de guerra”. Parecem estar sempre a um comentário de algo
sobre o qual não concordem de distância de uma discussão.
E esta, começada, vai crescendo
mais e mais até que você exclua seu comentário, seja ele infeliz ou não, para tentar
amenizá-la. Tudo na tentativa de parar aquele monte de comentários agressivos,
xingamentos, desaforos e coisas do gênero.
Estas pessoas não te respeitam,
não tem uma palavra amiga, doce, um comentário de aproximação. É sempre
agressividade em cima de agressividade. E, se por acaso formos o administrador
da página e tivermos a intenção de que tudo seja feito de forma coerente, amistosa
e correta, ai então o sofrimento será bem substancioso.
O fato de querer colocar-se
normas e ordem nas coisas já cria de antemão, uma grande resistência e inúmeros
questionamentos. Uma grande maioria é contra regulamentos e controles. Todos
querem falar o que quiserem sem serem controlados.
Aí você começa a receber mal
criações de quem ainda nem conhece pessoalmente e nunca viu. Chovem desacatos
de pessoas que nem sabem com profundidade o que está acontecendo, mas se
posicionam contrariamente, só para estarem de bem com os que ”são do contra”.
E assim vamos em frente com
otimismo e entusiasmo, tentando ser mais otimistas do que a maioria destas
pessoas que parecem querer ir conta tudo pelo simples fato de o serem.
Como estive pensando e
pesquisando sobre isso, encontrei o seguinte texto, de autoria de Wagner
Geminiano, publicado no endereço a seguir, acessado em 14/01/14, 22h41min:
A moda
agora é ser contra tudo que parece ir de encontro ao politicamente correto,
como se ser do contra fosse sinal de ser crítico. Muito pelo contrário, ser do
contra na maioria das vezes revela a ignorância diante das coisas, a
simplificação diante do questionamento mais apurado e perspicaz, ser do contra
muitas vezes reproduz o conservadorismo embutido nos discursos da rejeição a
determinada coisa. Ser do contra não significar ser esclarecido para se colocar
contrário a uma tese, a um projeto. Ser do contra em grande medida é sê-lo sem
argumentos, muitas vezes só para se mostrar crítico diante do mundo, porque ser
crítico deste do mundo, no mundo em que vivemos se tornou "Cult",
significa ser diferenciado dos demais, estar numa suposta posição de leitura e
observação do mundo privilegiada em relação a um "resto alienado e
acrítico".
No entanto, ser do contra é ser muito mais conservador do que quem não tem
opinião formada diante de nada e não tem vergonha de afirmar que não tem
simplesmente porque não conhece do assunto. As pessoas deviam se portar assim,
por exemplo, diante de questões como a construção da Usina de Belo Monte, que
muitos aderem à corrente do contra a usina sem nem ao menos saber o que é; como
se Belo Monte fosse inundar toda a Amazônia, como se fosse afogar todos os índios
e acabar com toda fauna e flora da região. São do contra apenas porque outros
de sua rede também o são, então vamos ser também para se inserir na rede, para
entrar na moda. Cada dia mais as redes sociais mostram o primitivismo do
comportamento de rebanho que enreda a maioria das pessoas, desta vez no modismo
de "ser do contra".
Boa noite a todos.
ELI DOS REIS,
de Ribeirão Preto.
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