terça-feira, 14 de janeiro de 2014

CONTRA OS “DO CONTRA” ENTUSIASMO NÃO BASTA!




Durante um almoço estive conversando com um amigo, meu ex-aluno de um dos cursos da Universidade em que trabalho, onde entre outros assuntos, falamos do comportamento das pessoas nas redes, ditas, sociais.

Ele contou um fato ocorrido com ele quando estava apenas dando o que ele imaginava ser uma contribuição para identificar os veículos do Condomínio onde mora, numa cidade de médio para grande porte, próxima a Ribeirão Preto. Esse singelo gesto acabou virando foco de um grande número de respostas grosseiras, provocações desaforadas e palavras de desacato, só porque ele queria fomentar a proteção e o bem comum.

Aquela pancadaria verbal só acabou porque ele decidiu excluir o seu comentário. Eu disse “aquela pancadaria” já que este tipo de pessoas parece ficar nos sites e nas páginas da internet sempre dispostas a uma provocação e a uma nova discussão acalorada e mal criada, tão logo alguém coloque um comentário com o que não concordem. Aí se começa nova serie de provocações, e lá no Condomínio dele não foi diferente.

Eu há um tempinho atrás, dispus-me a ser o administrador de uma página no Facebook de um Condomínio na minha cidade. Meu objetivo era o de termos um meio de aproximar as pessoas, tem uma forma de comentarmos atos, fatos e experiências que servissem ao bem comum e, enfim, nos conhecermos melhor, e como já disse, nos aproximarmos.

Hoje eu vejo como fui um otimista extremamente otimista...

Tudo aquilo que imaginei de bom, ainda não aconteceu. Mas as intrigas, estas sim ocorreram e ocorrem a cada momento.

E aos montes...

Não sei por que estas pessoas vivem assim “em pé de guerra”. Parecem estar sempre a um comentário de algo sobre o qual não concordem de distância de uma discussão.

E esta, começada, vai crescendo mais e mais até que você exclua seu comentário, seja ele infeliz ou não, para tentar amenizá-la. Tudo na tentativa de parar aquele monte de comentários agressivos, xingamentos, desaforos e coisas do gênero.

Estas pessoas não te respeitam, não tem uma palavra amiga, doce, um comentário de aproximação. É sempre agressividade em cima de agressividade. E, se por acaso formos o administrador da página e tivermos a intenção de que tudo seja feito de forma coerente, amistosa e correta, ai então o sofrimento será bem substancioso.

O fato de querer colocar-se normas e ordem nas coisas já cria de antemão, uma grande resistência e inúmeros questionamentos. Uma grande maioria é contra regulamentos e controles. Todos querem falar o que quiserem sem serem controlados.

Aí você começa a receber mal criações de quem ainda nem conhece pessoalmente e nunca viu. Chovem desacatos de pessoas que nem sabem com profundidade o que está acontecendo, mas se posicionam contrariamente, só para estarem de bem com os que ”são do contra”.

E assim vamos em frente com otimismo e entusiasmo, tentando ser mais otimistas do que a maioria destas pessoas que parecem querer ir conta tudo pelo simples fato de o serem.

Como estive pensando e pesquisando sobre isso, encontrei o seguinte texto, de autoria de Wagner Geminiano, publicado no endereço a seguir, acessado em 14/01/14, 22h41min:
 


A moda agora é ser contra tudo que parece ir de encontro ao politicamente correto, como se ser do contra fosse sinal de ser crítico. Muito pelo contrário, ser do contra na maioria das vezes revela a ignorância diante das coisas, a simplificação diante do questionamento mais apurado e perspicaz, ser do contra muitas vezes reproduz o conservadorismo embutido nos discursos da rejeição a determinada coisa. Ser do contra não significar ser esclarecido para se colocar contrário a uma tese, a um projeto. Ser do contra em grande medida é sê-lo sem argumentos, muitas vezes só para se mostrar crítico diante do mundo, porque ser crítico deste do mundo, no mundo em que vivemos se tornou "Cult", significa ser diferenciado dos demais, estar numa suposta posição de leitura e observação do mundo privilegiada em relação a um "resto alienado e acrítico". 
            No entanto, ser do contra é ser muito mais conservador do que quem não tem opinião formada diante de nada e não tem vergonha de afirmar que não tem simplesmente porque não conhece do assunto. As pessoas deviam se portar assim, por exemplo, diante de questões como a construção da Usina de Belo Monte, que muitos aderem à corrente do contra a usina sem nem ao menos saber o que é; como se Belo Monte fosse inundar toda a Amazônia, como se fosse afogar todos os índios e acabar com toda fauna e flora da região. São do contra apenas porque outros de sua rede também o são, então vamos ser também para se inserir na rede, para entrar na moda. Cada dia mais as redes sociais mostram o primitivismo do comportamento de rebanho que enreda a maioria das pessoas, desta vez no modismo de "ser do contra".


Boa noite a todos.



ELI DOS REIS,
de Ribeirão Preto.



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